Ofendidos pelo sucesso alheio

Era uma reunião de presidentes de empresas e pessoas de sucesso profissional. De repente, um tema acalorou o ânimo de todos: o problema que seu sucesso causava aos outros.

Todos, e cada um, sem exceção, contaram no mínimo dois casos em que tinham sido vítimas de mentiras, produtos da mais pura inveja de concorrentes, de fornecedores, de colegas, de superiores, de subordinados, de jornalistas e até de... amigos e parentes. Todos ficavam estarrecidos e, ao mesmo tempo, aliviados à medida que os relatos aconteciam. Estarrecidos pelo tamanho das maldades. Aliviados pela consciência de que, o que acontecia com um, não era privilégio dele. A difamação pela inveja está em todo e qualquer lugar, onde esteja qualquer vestígio de sucesso, alegria, felicidade, etc...

Contratos perdidos, produtos encalhados, empresas fechadas, tudo pelas conseqüências funestas da inveja, da difamação, da calúnia e suas irmãs mais velhas, a mentira e a meia-verdade.

Todos também relataram já terem trabalhado em empresas onde o seu sucesso incomodava, onde não havia lealdade, cooperação e sinceridade. Todos falaram do horror que era trabalhar nesses locais. Todos citaram pessoas que ainda estavam vivas em suas memória e de quem não sentiam nenhuma saudade, mas repulsa e desprezo.

O mais interessante, no entanto, é que eles, nessa conversa, descobriram duas realidades: a primeira foi que a maioria dessas empresas não existia mais e a segunda foi que as pessoas mais invejosas, desleais e falsas não estavam mais nas empresas que sobraram vivas. Por que será? Todos também se lembraram do que dizia Tom Jobim: “No Brasil, sucesso é ofensa pessoal”. Por que será?

Em qualquer lugar do mundo, o sucesso é comemorado e não punido, celebrado e não culpado. Quem tem sucesso parece ser obrigado a sentir um profundo sentimento de culpa, como se fosse o responsável pelo fracasso alheio, pelo salário baixo de jornalistas, pelas filas do INSS, pelas desigualdades sociais e por ter conseguido aquele contrato ou realizado aquela obra. Por que será?

(Luis Marins)