Mosaico de Pensamentos e Textos

terça-feira, março 14, 2006

Você e seus clientes

Ainda que não deseje, você tem a obrigação de conviver com os outros, porque ninguém é enciclopédia de serviço.

As pessoas que estimam isolamento, mesmo assim, não prescindem do concurso de alguém que lhes estenda algum pequenino recurso de sustentação. Aquelas que se isolam demais costumam voltar à intimidade de muita gente em casas de saúde ou nas clínicas as mais diversas.

Todos dependemos uns dos outros. E encontramos nos outros aquilo que os outros encontram em nós.

De quando em quando, voltemo-nos para os estudos da convivência de modo a enriquecê-la de regozijo e tranqüilidade.

Isso é tão importante que a civilização atual na Terra estabelece em toda parte o chamado serviço de relações públicas, sempre confiado ao critério de psicólogos hábeis, conhecedores da alma humana e, por isso, técnicos em lubrificação da cortesia e do conhecimento.

Você possui igualmente a necessidade de um serviço de relações humanas no instituto de sua personalidade.

Cada um de nós tem parentesco de ideal com uma organização de comércio. Precisamos adquirir dos outros e fornecer de nós mesmos.

Capacite-se você de que toda pessoa que lhe busca a presença ou a cooperação, a palavra ou a influência é cliente de seus recursos, comprador do armazém de suas idéias.

Observe um supermercado. Ninguém aparece procurando manteiga rançosa ou batatas apodrecidas. Pede a freguesia produtos sãos. Artigos que lhe proporcione benefícios e satisfação ao consumo.

Assim ocorre no plano dos contatos individuais.

Se alguém surge a lhe buscar uma frase ou um conselho, evite impingir-lhe os seus descontentamentos. Varra isso do armazém de suas emoções. Dê às suas mágoas o auxílio da faxina, como você entrega papel sujo aos cuidados do cesto.

Não conte suas tristezas, rixas ou indisposições. Fale de modo a que o ouvinte saia melhor do seu clima pessoal, à maneira de alguém que tem a convicção de estar levando para casa produto agradável ao paladar e valioso à saúde.

Você é o seu próprio agente de propaganda. Não adianta passar à frente assuntos amargosos ou situações deterioradas porque isso desmoraliza a sua firma e lhe dificulta os movimentos.

Isso não quer dizer que você deva entregar aos amigos mentiras e ilusões em pílulas de sorrisos estudados. Não. Também a verdade é artigo, e dos mais importantes, da sua loja, mas não precisa ser lançada ao rosto dos demais, com lâmina em riste.

Você pode alinhar honestidade e gentileza no seu mostruário.

Forneça esperança, otimismo, coragem, alegria e bondade através do balcão de sua conversa e o mundo inteiro será seu freguês.

(do livro "Técnica de Viver" - Waldo Vieira)