Mosaico de Pensamentos e Textos

quarta-feira, agosto 24, 2005

A raposa e o lenhador

Existiu um lenhador que acordava às 5 horas da manhã e trabalhava o dia inteiro cortando lenha, e só parava tarde da noite.

Esse lenhador tinha um filho, lindo, de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimação e de sua total confiança.

Todos os dias o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa cuidando de seu filho.

Todas as noites ao retornar do trabalho, a raposa ficava feliz com sua chegada.

Os vizinhos do lenhador alertavam que a Raposa era um bicho, um animal selvagem; e portando, não era confiável. Quando ela sentisse fome comeria a criança.

O Lenhador sempre retrucando com os vizinhos falava que isso era uma grande bobagem. A raposa era sua amiga e jamais faria isso.

Os vizinhos insistiam:
- "Lenhador abra os olhos! A Raposa vai comer seu filho”.
- "Quando sentir fome comerá seu filho!"

Um dia o Lenhador muito exausto do trabalho e muito cansado desses comentários - ao chegar em casa viu a Raposa sorrindo como sempre e sua boca totalmente ensangüentada...

O lenhador suou frio e sem pensar duas vezes acertou o machado na cabeça da raposa...

Ao entrar no quarto desesperado, encontrou seu filho no berço dormindo tranqüilamente e ao lado do berço uma cobra morta...

O Lenhador enterrou o Machado e a Raposa juntos.

Se você confia em alguém, não importa o que os outros pensem a respeito, siga sempre o seu caminho e não se deixe influenciar..., Mas principalmente nunca tome decisões precipitadas...

(autor desconhecido)

terça-feira, agosto 23, 2005

Impermanência: A arte de dizer adeus com elegância

Uma estação de trem, um aeroporto ou até um portão de garagem.

Você de pé, um aceno mole na mão, gosto salgado na boca, olhar embaçado longe, e cada vez mais longe... Até breve ou para sempre, nenhum de nós escapa das perdas e das partidas.

Se eu for abrir aquela terrível gaveta de memórias horripilantes, com certeza vai pular de lá de dentro o lúgubre corvo do conto de Edgar Allan Poe, que respondia às perguntas do poeta enlouquecido de dor pela perda da mulher amada com um irremediável, solene e definitivo: "Nunca mais". Até hoje, esse "nunca mais" tem o dom de fazer alguma coisa partir dentro de mim. Cruzes!! Mas com o tempo (esse corvo me conhece desde menina) aprendi que embora as perdas estejam lá na base do nosso edifício humano, tem jeitos e jeitos de lidar com elas. Penso naquela palavra saltitante que os budistas lapidaram num conceito supercomplexo: impermanência.

Para os budistas, essa nossa realidade firme e concreta, feita de acontecimentos e de certezas é um sonho.
Na contramão de todas as aparências, o mundo das coisas e coisitudes, não é tão sólido assim.
"A vida é uma série infindável de manifestações, um fluxo constante de criações, transformações e extinções, um constante vir a ser. (...) A realidade, no sentido budista, é impermanência, ensina um livro, que acabou virando um clássico para entender esse olhar psicológico do budismo, escrito pelo Dr. Georges da Silva.

"Tudo vive em contínuo intercâmbio com o todo, transformando-se sem cessar". O mais incrível é pensar que essa idéia, que combina tanto com o que a ciência mais moderna anda discutindo, nasceu no século 6 AC! Esse vir-a-ser do universo, do qual somos uma partezinha, só ganha nomes e formas para que a gente possa falar dele, mas não deveríamos esquecer nosso caráter original de seres fluídos, refinadas moléculas do fluxo da vida. Que tal? Ser parte de um grande rio, sempre fluindo, não é tão mal assim, para quem começou o artigo se sentindo preso em uma armadilha preparada por um corvo existencial, certo?

E tem mais. Quando você percebe a natureza impermanente de todas as coisas, incluindo você mesmo, está na hora de começar a grande aventura que os budistas chamam de alcançar a serenidade que nasce do sentimento de desapego, do deixar passar as emoções, os sentimentos, os pensamentos...

Não tem nada de fantasioso nisso. O budismo é essencialmente pragmático, é método, caminho. Por isso, S.E. Chagdud Tulku Rinpoche, que viveu aqui no Brasil, lá no Rio Grande do Sul (faleceu em 2.002), avisa: "Com freqüência, pensamos que o único meio de criar felicidade é tentando controlar as circunstâncias externas da nossa vida, tentando consertar o que nos parece errado ou tentando nos livrar de tudo o que nos incomoda. Mas o verdadeiro problema encontra-se na nossa reação a estas circunstâncias. O que temos de mudar é a mente e a maneira como ela vivencia a realidade".

Refletir sobre a impermanência é um bom jeito de fazer as pazes com o mundo. Por exemplo: saber que um dia vamos perder alguma coisa nos faz dar mais valor a ela enquanto a temos. Rinpoche dá um exemplo delicioso: "Não há nada de errado com o dinheiro em si, mas se nos apegamos a ele, sofremos quando o perdermos. Em vez disso, podemos apreciá-lo enquanto durar, desfrutar dele e ter prazer em compartilhá-lo com os outros, sabendo, ao mesmo tempo, que ele é impermanente".

Apenas contemplar o fato de que as coisas no fundo no fundo não nos pertencem e que não podemos alterar o fluxo dos acontecimentos, que um dia vamos morrer, que muitas e tantas vezes, nossos desejos e nossos apegos são nossos maiores inimigos traz um profundo sentimento de tranqüilidade, é quase como flutuar.
"Se contemplarmos a mpermanência em profundidade, paciência e compaixão irão aparecer. Iremos nos apegar menos à verdade aparente das nossas experiências e nossa mente se tornará mais flexível".

Cada instante transformado em uma dádiva e cada encontro finalmente eterno enquanto dura. Despidos de tantas expectativas, preocupações, desejos de controlar, segurar, prender, vamos dar uma banana para o corvo triste e mergulhar de cabeça na aventura do viver.

Como você faz para lidar com a necessidade de controle que todos temos? É difícil? Você tem medo de se permitir flutuar no constante tornar-se do universo?

(Adília Belotti)

sábado, agosto 06, 2005

Mulheres Maduras

O tempo passa e as mulheres maduras continuam me encantando. Aliás, o encantamento é cada vez maior.

Essa coisa de menininha bonitinha é para quem tem energia demais para desperdiçar.

Prefiro o manejo racional de recursos.

Mais do isso, já estou na fase de pensar na preservação das minhas espécies em extinção.

Não sou a Mata Atlântica, e já não tenho aquela lenha toda. Depois de uma certa idade, a gente deixa de lado o interesse superficial.

Beleza continua sendo fundamental. Mas precisa ter aquele olhar da experiência, da loba. Precisa ter conteúdo. E isso só o tempo traz. É por essas e por outras que sou mais a Ana Maria Braga do que a Daniella Cicarelli.

Eu sei, eu sei. Muitos dos meus amigos vão dizer que só falo isso porque estou longe das duas.

Porque, se pudesse escolher, eu preferiria a VJ modeladinha à apresentadora global. Pois eu reafirmo a escolha. Na emergência, é a categoria de quem já fez que conta. Com o charme característico de quem já viveu do bom e do ruim.

É uma escolha que não tem a ver apenas com a idade.

Tem a ver com a maneira de enxergar o mundo. Prefiro a mulher deslumbrante à deslumbrada.
Aquela que define o parceiro pelo faro e não pelo marketing. Por exemplo, que prefira a mim e não ao Leonardo Di Caprio.

E eu tenho a certeza de que não estou sozinho nessa maneira de pensar.

Veja o Gianechinni, por exemplo. Com tanta gatinha dando em cima, ele preferiu a Gaby. Belíssima escolha, aliás. Menino ajuizado e de bom gosto.

Porque, nesses casos, não é preciso perder tempo explicando nada. A gente vai lá e ama o amor sem legenda, sem tecla SAP, sem dicionário.

O importante não é a roupa da moda, mas o beijo de entrega. Não interessam as bobagenzinhas de butique, mas a maneira de abraçar. Um olhar vale mais do que mil conversas. Uma conversa vale por uma noite de amor.

É difícil de explicar essas sutilezas para a molecadinha.

Imaginem este dinossauro tentando dizer para a gatinha turbinada que é preciso criar um clima, ter luz difusa e muito beijo demorado. Não funciona, nem fazendo desenhinho. É uma questão hormonal. Você que é mais jovem, vai entender disso no futuro.

Mulher interessante tem que ter mais de 30, sem limite de idade para continuar em forma.
É aquela tiazona de quem você ri agora. É riso histérico de novato diante de uma grande verdade da natureza.
(Maurício Cintrão)