Mosaico de Pensamentos e Textos

segunda-feira, junho 19, 2006

Castelos de Areia

Sol a pino. Maresia. Ondas ritmadas. Na praia está um menino. Ajoelhado, ele cava a areia com uma pá de plástico e a joga dentro de um balde vermelho. Em seguida, vira o balde sobre a superfície e o levanta.
Encantado, o pequeno arquiteto vê surgir diante de si um castelo de areia.

Ele continuará a trabalhar a tarde inteira. Cavando os fossos. Modelando as paredes. As rolhas de garrafa serão as sentinelas. Os palitos de sorvete serão as pontes. E um castelo de areia será construído.

Cidade grande. Ruas movimentadas. Ronco dos motores dos automóveis. Um homem está no escritório. Em sua escrivaninha, ele organiza pilhas de papel e distribui tarefas. Coloca o fone no ombro e faz uma chamada. Como que num passe de mágica, contratos são assinados e, para grande felicidade do homem, foram fechados grandes negócios.
Ele trabalhará a vida inteira. Formulando planos. Prevendo o futuro. As rendas anuais serão as sentinelas. Os ganhos de capital serão as pontes. Um império será construído.

Dois construtores de dois castelos. Ambos têm muita coisa em comum: fazem grandezas com pequeninos grãos...

Constroem algo do nada. São diligentes e determinados. E, para ambos a maré subirá, e tudo terminará.

Contudo, é aqui que as semelhanças terminam. Porque o menino vê o fim, ao passo que o homem o ignora.

Observe o menino na hora do crepúsculo. Quando as ondas se aproximam, o menino sábio pula e bate palmas. Não há tristeza. Nem medo. Nem arrependimento. Ele sabia que isso aconteceria. Não se surpreende. E, quando a enorme onda bate em seu castelo e sua obra-prima é arrastada para o mar, ele sorri...
Sorri, recolhe a pá, o balde, segura a mão do pai e vai para casa.

O adulto, contudo, não é tão sábio assim. Quando a onda dos anos desmorona seu castelo, ele se atemoriza... Cerca seu monumento de areia, a fim de protegê-lo.
Tenta impedir que as ondas alcancem as paredes. Encharcado de água salgada e tremendo de frio, ele resmunga para a próxima onda. “É o meu castelo” diz em tom de afronta.

O mar não precisa responder. Ambos sabem a quem a areia pertence...
Talvez você não saiba muito sobre castelos de areia. Mas as crianças sabem.

Observe-as e aprenda. Vá em frente e construa, mas construa com o coração de uma criança. Quando chegar a hora do pôr-do-sol e a maré levar tudo embora, aplauda.
Aplauda o processo da vida, segure a mão do pai e vá para casa.

A vida tem sua dinâmica própria, e obedece a leis transcendentes que nem sempre conseguimos compreender totalmente... Mas o certo é que a roda da vida gira e nos oferece lições importantes para serem apreendidas e vividas.

Resta-nos conhecer e confiar. Observar e aprender. Por isso, vá em frente e construa, mas construa com o coração de uma criança. E quando chegar a hora do pôr-do-sol e a maré levar tudo embora, aplauda. Aplauda o processo da vida, segure a mão do Pai e vá para casa.

(autor desconhecido)

quarta-feira, junho 14, 2006

Tempo que foge...

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridade.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Não tolero gabolices.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.

Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo.

Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de "confrontação", onde "tiramos fatos à limpo".

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.

Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos".

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a "última hora"; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus.

Caminhar perto delas nunca será perda de tempo.

(Luis Fernando Veríssimo)

terça-feira, junho 13, 2006

A vida é como ...


A vida é como jogar uma bola na parede:
Se for jogada uma bola azul, ela voltará azul;
Se for jogada uma bola verde, ela voltará verde;
Se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca;
Se a bola for jogada com força, ela voltará com força.

Por isso, nunca "jogue uma bola na vida" de forma que você não esteja pronto a recebê-la...

(Albert Einstein)

segunda-feira, junho 12, 2006

Amor e Loucura

Contam que, uma vez, se reuniram os sentimentos e qualidades dos homens em um lugar da Terra.

O ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez que não suportava mais ficar à toa e a LOUCURA, como sempre louca, propôs-lhe:
- Vamos brincar de esconde-esconde?

A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e a CURIOSIDADE, sem poder conter-se, perguntou-lhe:
-Esconde-esconde? Como é isso?

É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará meu lugar para continuar o jogo.

O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA.

A ALEGRIA deu tantos saltos que acabou convencendo a DÚVIDA e até mesmo a APATIA, que nunca se interessava por nada. Mas nem todos quiseram participar.

A VERDADE preferiu não esconder-se. Para quê, se no final todos a encontravam?

A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era que a idéia não tivesse sido dela) e a COVARDIA preferiu não arriscar-se.
- Um, dois, três, quatro... - começou a contar a LOUCURA.

A primeira a esconder-se foi a PRESSA, que como sempre caiu tropeçando na primeira pedra do caminho. A Fé subiu ao céu e a INVEJA se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO, que com seu próprio esforço, tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.

A GENEROSIDADE quase não consegue esconder-se, pois cada local que encontrava lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos - se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA; se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ; se era o vôo de uma borboleta, o melhor para a VOLÚPIA; se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE, e assim, acabou escondendo-se em um raio de sol.

O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início, ventilado, cômodo, mas apenas para ele.

A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris), e o DESEJO, no centro dos vulcões.

O ESQUECIMENTO, não me recordo onde se escondeu, mas isso não é importante.

Quando a LOUCURA estava lá pelo 999.999, o AMOR ainda não havia encontrado um local para esconder-se, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou um roseiral e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre as suas flores.
- Um milhão contou a LOUCURA, e começou a busca.

A primeira a aparecer foi a PRESSA, apenas a três passos de uma pedra.

Depois, escutou-se a FÉ discutindo com Deus no céu sobre zoologia.

Sentiu-se vibrar o DESEJO nos vulcões.

Em um descuido encontrou a INVEJA, e claro, pôde deduzir onde estava o TRIUNFO.
O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo. Ele sozinho saiu disparado de seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.

De tanto caminhar, a LOUCURA sentiu sede e, ao aproximar-se de um lago, descobriu a BELEZA.

A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois a encontrou sentada sobre uma cerca sem se decidir de que lado esconder-se.

E assim foi encontrando todos.

O TALENTO entre a erva fresca; a ANGÚSTIA, em uma cova escura; a MENTIRA, atrás do arco-íris (não, mentira, ela estava no fundo do oceano); e até o ESQUECIMENTO, pra quem já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde.

Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local.

A LOUCURA procurou atrás de cada árvore, embaixo de cada rocha do planeta, e em cima das montanhas. Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral. Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, quando, no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito.

Os espinhos tinham ferido o AMOR nos olhos.

A LOUCURA não sabia o que fazer para desculpar-se. Chorou, rezou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser seu guia.

Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na Terra, O AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha.

(autor desconhecido)

domingo, junho 11, 2006

Lembre-se que, ao morrer, sua caixa de entrada não estará vazia

Muitos de nós vivemos nossas vidas como se o propósito secreto dela fosse, de alguma forma, cumprir todas as tarefas. Ficamos acordados até tarde, acordamos cedo, evitamos o prazer, e fazemos nossos amados esperarem. É com tristeza que tenho visto muitas pessoas manterem os seres amados à distância por tanto tempo que eles perdem interesse em manter a relação. Quase sempre nos convencemos de que nossa obsessão com a lista do que temos a fazer é temporária – que, uma vez que tenhamos chegado ao fim da lista, ficaremos calmos, tranqüilos e felizes. Mas isso, na realidade, raramente ocorre. À medida que os itens vão sendo ticados, surgem outros novos para substituí-los.

A realidade da caixa de entrada é que seu único sentido é ter itens que a completem– de maneira que nunca esteja vazia. Sempre haverá telefonemas que precisam ser dados, projetos a serem desenvolvidos, e trabalho a ser feito. De fato, podemos argumentar até que uma caixa de entrada cheia é fundamental para nossa noção de sucesso. Significa que nosso tempo está sendo requisitado!

Independente de quem você seja ou do que faça, no entanto, lembre-se que nada é mais importante do que a sensação de felicidade e paz interior e de pessoas que nos amam. Se você é do tipo obcecado com coisas a serem feitas, nunca terá a sensação de bem-estar! Na verdade, quase tudo pode esperar. Muito pouco de nossa vida de trabalho realmente se encaixa na categoria de emergência. Se você se mantém concentrado no seu trabalho, ele será feito em tempo hábil.

Eu acredito que se me lembrar (freqüentemente) que o propósito da vida não é fazer tudo, mas aproveitar cada passo no caminho e viver uma vida repleta de amor, será muito mais fácil para mim controlar minha obsessão em relação à execução de listas de coisas a serem feitas. Lembre-se, quando você morrer, ainda haverá coisas por completar. E sabe do que mais? Alguém as fará por você! Não desperdice nenhum dos momentos preciosos de sua vida lamentando o inevitável.

(Richard Carlson)

sábado, junho 10, 2006

Vida...

Sou Deus. Hoje estarei cuidando de todos os seus problemas. Por favor, lembre-se de que não preciso de sua ajuda.

Se a vida lhe apresentar uma situação que você não possa resolver, não tente resolvê-la. Por favor, coloque-as na caixa CDC (Coisas para Deus Cuidar). Todas as situações serão resolvidas, mas no Meu tempo, não no seu...

Uma vez que o assunto esteja colocado na caixa, não se preocupe, nem se apegue mais a ele. Ao invés disso, concentre sua atenção em todas as coisas maravilhosas que estão presentes na sua vida agora.

Se você ficar preso no trânsito, não se desespere. Existem poucas pessoas, nesse mundo, para as quais dirigir é um privilégio impensável....

Se você tiver um dia ruim no trabalho, pense naqueles que estão sem emprego há tempos...

Se você se desesperar por um relacionamento que acabou, pense naquela pessoa que nunca soube o que amar e ser amado...

Se você se lamentar pelo fim de outro final de semana, pense naquela pessoa, nas ruas, trabalhando doze horas diárias, sete dias por semana, para alimentar os seus filhos...

Se o seu carro quebrar lhe deixando longe de algum lugar para buscar auxílio, pense no paraplégico que adoraria a oportunidade de dar essa caminhada.

Se notar um novo fio de cabelo branco quando olhar o espelho, pense nos pacientes com câncer, em tratamento de quimioterapia, que adorariam ter cabelos para examinar.

Se você se encontrar perdido e ponderando sobre o que a vida, afinal, se perguntando qual é o meu propósito, seja grato. Existem aqueles que não vivem o suficiente para ter essa oportunidade.

Se você se encontrar como vítima da amargura, ignorância, pequenez ou insegurança de outras pessoas, lembre-se, as coisas poderiam ser piores....Você poderia ser uma delas!

(autor desconhecido)

sexta-feira, junho 09, 2006

Transforme sua relação com os seus problemas


Obstáculos e problemas são parte da vida. A verdadeira felicidade não surge quando nos livramos de todos os problemas, mas quando mudamos nossa relação com eles, quando vemos nossos problemas como uma fonte potencial de despertar, de oportunidades de se praticar a paciência, e aprender. Provavelmente o principio mais básico da vida espiritual é que nossos problemas são o melhor espaço para a prática do coração aberto.

É claro que alguns desses problemas devem ser solucionados. A maior parte deles, no entanto, são criados por nós mesmos pela nossa luta para tornar nossa vida diferente do que ela realmente é. A paz interior pode ser alcançada pelo entendimento e aceitação das inevitáveis contradições da vida – a dor e o prazer, o sucesso e o fracasso, alegria e tristeza, nascimentos e mortes. Os problemas podem nos ensinar a sermos graciosos, humildes e pacientes.

Segundo a tradição budista, as dificuldades são tão importantes para o crescimento e a paz que existe uma prece tibetana que efetivamente roga por elas. Ela diz: Faça com que me sejam dadas dificuldades apropriadas e sofrimentos em minha jornada para que meu coração possa ser verdadeiramente despertado e minha prática de liberação de compaixão universal possa ser, de fato, alcançada. Eles sentem que quando a vida é muito fácil, surgem poucas oportunidades para o verdadeiro crescimento.

Eu não exageraria ao ponto de recomendar que você procurasse problemas. Sugiro, no entanto, que fuja menos de seus problemas e se esquive menos – e os aceite mais como parte inevitável, natural e até importante da vida. Você logo descobrirá que a vida pode ter muito mais de dança do que de batalha. Esta filosofia de aceitação é a raiz da atitude de se deixar levar pelo fluxo das coisas.

(Richard Calson)