Mosaico de Pensamentos e Textos

sábado, dezembro 30, 2006

Esvaziando os armários de nossa vida

Todos os anos,
há um momento em que olhamos nossos
armários com um olhar crítico.
Olhamos aquelas roupas que não usamos
há tanto tempo.
Aquelas que tiramos do cabide de vez em quando,
vestimos, olhamos no espelho,
confirmamos mais uma vez que não gostamos
e guardamos de volta no armário.
Aquele sapato que machuca os pés,
mas insistimos em mantê-lo guardado.
Há ainda aquele terno caro,
mas que o paletó não cai bem,
ou o vestido "espetacular"
ganho de presente de alguém que amamos,
mas que não combina conosco e nunca usamos.
Às vezes tiramos alguma coisa
e damos para alguém,
mas a maior parte fica lá,
guardada sabe-se lá porquê.
Um dia alguém me disse:
tudo o que não lhe serve mais e você
mantém guardado,
só lhe traz energias negativas.
Livre-se de tudo o que não usa e verá
como lhe fará bem.
Acontece que nosso guarda-roupa
não é o único lugar da vida onde guardamos
coisas que não nos servem mais.
Você tem um guarda-roupa desses
no interior da mente.
Dê uma olhada séria no que anda
guardando lá.
Experimente esvaziar e fazer uma limpeza
naquilo que não lhe serve mais.
Jogue fora idéias, crenças,
maneiras de viver ou experiências que
não lhe acrescentam nada e lhe
roubam energia.
Faça uma limpeza nas amizades,
aqueles amigos cujos interesses não têm
mais nada a ver com os seus.
Aproveite e tire de seu "armário"
aquelas pessoas negativas,
tóxicas, sem entusiasmo,
que tentam lhe arrastar para o fundo
dos seus próprios poços de tristezas,
ressentimentos, mágoas e sofrimento.
A insegurança dessas pessoas faz com
que busquem outras para lhes
fazer companhia,
e lá vai você junto com elas.
Junte-se a pessoas entusiasmadas
que o apóiem em seus sonhos e projetos
pessoais e profissionais.
Não espere um momento certo,
ou mesmo o final do ano,
para fazer essa "faxina interior".
Comece agora e experimente aquele
sentimento gostoso de liberdade.
Liberdade de não ter de guardar
o que não lhe serve.
Liberdade de experimentar o desapego.
Liberdade de saber que mudou,
mudou para melhor,
E que só usa as coisas que
verdadeiramente lhe servem
e fazem bem.

(autor desconhecido)

domingo, dezembro 24, 2006

Então é Natal


Então é Natal
E o que você fez?
O ano termina
E nasce outra vez

Então é Natal
A festa cristã
Do velho e do novo
Do amor como um todo

Então é Natal
E um Ano Novo também
Que seja feliz quem
Souber o que é o bem
Então é Natal
Pro enfermo e pro são
Pro rico e pro pobre
Num só coração
Então, bom Natal
Pro branco e pro negro
amarelo e vermelho
Pra paz, afinal

Então, bom Natal
E um Ano Novo também
Que seja feliz quem
Souber o que é o bem

Então é Natal
E o que a gente fez?
O ano termina
E começa outra vez

Então é Natal
A festa cristã
Do velho e do novo
Do amor como um todo

Então é Natal
E um Ano Novo também
Que seja feliz quem
Souber o que é o bem

Hiroshima...
Nagasaki...
Mururoa

(John Lennon e Yoko Ono)

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Soneto - Mulher Abstrata

Sou quem sou, simplesmente mulher, não fujo, nem nego,
Corro risco, atropelo perigo, avanço sinal, ignoro avisos.
Procuro viver, sem medo, sem dor, com calor, aconchego,
Supro carências, rego desejos, desabrocho em risos...

Matéria cobiçada... na tez macia, no calor ardente.
Alma pura, envolta em completa fissura. Sem frescuras!
Encontro prazer na forma completa, repleta, latente.
Meretriz sem pudor,mulher no ponto, uva madura!

Sou quadro abstrato, me entrego no ato à paixão que aflora.
Sou enigma permanente, sem ponto final, sem continências,
Sou mulher tão somente, vivendo o momento, sorvendo as horas.

Sou pétala recolhida, sem forma, sem cor, completa em essência.
Exalo a esperança, transpiro vontades. Não me tenhas senhora.
Sou mulher insolúvel, nada volúvel. Vivo a vida em reticências...

(Angela Bretas)

quarta-feira, dezembro 13, 2006

A Lista

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados para sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você ...

(Oswaldo Montenegro)

sábado, dezembro 02, 2006

A massacrante felicidade dos outros

Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.

Estamos todos no mesmo barco.

Há no ar um certo queixume sem razões muito claras.

Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso?

Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia:
"Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento" .

Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite.

É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e mpedido de ser feliz como os outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.

As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias.

Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes
paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.

Ao amadurecer, descobrimos que estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados.

Pra consumo externo todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos sedutores.

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo".

Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta.

Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas tem.

Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e re-começos, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia.

Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de
modelo exige?

Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas
do pé?

Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.

As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.

(Martha Medeiros)

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Cuide de suas amigas

Sentei em uma varanda, em um dia de verão, bebendo chá gelado enquanto visitava minha mãe.

"Nunca esqueça de suas amigas" ela falou, mexendo nos cubos de gelo em seu copo.
"Não importa o quanto você ame o seu marido, você ainda precisará de suas amigas".

"Lembre-se de sair e fazer coisas com elas, hoje e sempre. E lembre-se que amigas também são as irmãs, filhas, primas e outras parentes que tenha."

Que conselho estranho, pensei. Eu não tinha acabado de me casar? Eu não havia acabado de entrar no "mundo dos casais?" Eu era um mulher casada agora, meu Deus, não somente uma garotinha que precisasse de amigas.

Mas mesmo assim escutei minha mãe, mantive contato com minhas amigas, e fiz novas amizades ao longo do caminho. Conforme os anos passavam, um após o outro, gradualmente comecei a entender o que minha mãe quis dizer naquele dia. Aqui está o que eu aprendi sobre as Amigas:

Amigas trazem comida e ajudam a limpar o banheiro quando você precisa de ajuda. Amigas cuidam de seus filhos e de seus segredos.
Amigas lhe dão conselhos quando você os pede. As vezes você escuta, as vezes não.
Amigas nem sempre lhe dizem o que você quer, mas são honestas no que dizem.
Amigas amam você e ficam ao seu lado, mesmo quando não concordam com suas escolhas. Amigas riem com você, mesmo quando não há motivo aparente.
Amigas te ajudam a sair de confusões.
Amigas fazem festa para a sua filha ou filho quando eles se casam ou ficam grávidos, mesmo que não aconteça necessariamente nesta ordem.
Amigas estão sempre ao seu lado quando tempos difíceis chegam.
Amigas escutam você lamentar quando perde um emprego ou um amigo.
Amigas escutam quando seus filhos a magoam.
Amigas escutam quando seus pais ficam doentes.
Amigas choram com você quando alguém que você ama morre.

Amigas abençoam a minha vida.