Mosaico de Pensamentos e Textos

sábado, janeiro 29, 2005

É preciso experiência?

Processo seletivo Empresa XXXXXXX: A redação abaixo foi desenvolvida por um candidato num processo de seleção. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso e ele com certeza será sempre lembrado pela sua criatividade, sua poesia e acima de tudo pela sua alma.

Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar, já me queimei brincando com vela.

Já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.

Já quis ser astronauta,violonista, mágico, caçador e trapezista.

Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.

Já passei trote por telefone.

Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.

Já roubei beijo. Já confundi sentimentos.

Já peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.

Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já me cortei fazendo a barba apressado, já chorei ouvindo música no ônibus.

Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.

Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvore pra roubar fruta, já caí da escada.

Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.

Já corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.

Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.

Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.

Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.

Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade.

Já roubei rosas num enorme jardim.

Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um ''para sempre'' pela metade.

Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú,chamado coração.

E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:

''- Qual sua experiência?''.

Essa pergunta ecoa no meu cérebro:''experiência...experiência...''

Será que ser ''plantador de sorrisos'' é uma boa experiência? Não!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!'' Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? Quem a tem, se a todo momento tudo se renova?

(autor desconhecido)

terça-feira, janeiro 25, 2005

Não critique

Procure antes colaborar com todos, sem fazer críticas.

A crítica fere, e ninguém gosta de ser ferido.

E a criatura que gosta de criticar, aos poucos, se vê isolada de todos.

Se vir alguma coisa errada, fale com amor e carinho, procurando ajudar.

Mas, sobretudo, procure corrigir os outros, através de seu próprio exemplo.

(C. Torres Pastorino)

sábado, janeiro 22, 2005

Você tem podado suas plantas ?

Quando eu era criança, encontrei, um dia, um jardineiro, com uma tesoura enorme.

Fiquei revoltado quando vi que começou a cortar os galhos mais tenros de todas as plantas. Reclamei, agarrei o jardineiro pelo braço... Fiz um escarcel... Ele sorriu e pediu que tivesse paciência e voltasse em 30 dias para ver o resultado... Um mês depois todas as plantas estavam ainda mais belas e cheias de vida...

Foi assim que aprendi o segredo das podas... Elas devem ser feitas nos galhos que dão frutos... Parece um sofrimento cortar justamente esses galhos... E isso faz pensar na maneira como reagimos aos sofrimentos que nos chegam... Em vez de achar que são "castigos", por que não encarar os sofrimentos como o agricultor que poda suas árvores, para que dêem mais fruto ainda? De vez em quando, não vemos nada, não entendemos nada, ficamos como árvores, carregadas de folhagem e que, depois da poda, se reduzem a galhos secos, que lembram braços esqueléticos.Pois, nessa virada quem estiver se sentindo assim por causa de uma perda,
um abandono, uma doença, um cansaço, um desânimo, uma ingratidão, uma injustiça.


O melhor, muitas vezes, é nem se meter em dar explicações que não explicam, não convencem e deixam a criatura que está sofrendo mais esmagada ainda... Em horas assim, nada como o exemplo da natureza, que é sábia! Tudo sempre volta a florir e frutificar.

É preciso somente um pouco de paciência e uma difícil atitude... Dar tempo ao tempo... ele cura absolutamente tudo!

(autor desconhecido)

sexta-feira, janeiro 21, 2005

A Mudança

A mudança em nossa vida é inevitável.

Ninguém discutiria a respeito de algo tão óbvio, contudo, quase sempre ficamos surpresos quando ela ocorre. Às vezes chega menos suave.

Uma realidade explodindo como um canhão, despedaçando nosso mundo cuidadosamente ordenado em microssegundos.

Sem dúvida, resistir à mudança é muito humano.

A resistência teimosa, a ponto de dizer: “Eu já tomei a minha decisão, não me confunda com novidades” está fundamentada no medo do desconhecido e tem causado muito sofrimento. Travam-se verdadeiras guerras em todas as áreas da vida humana quando as crenças do passado são desafiadas por mudanças no presente.

Para aqueles que temem a mudança, a evolução é inimiga, mas para aqueles que respondem conscientemente ao ritmo constante da evolução, é a essência da vida convocando-nos a nos tornar tudo aquilo que podemos ser.

Ela estimula nossos desejos. Ela nos torna descontentes com as injustiças, a doença, a poluição e a guerra.
Ela planta em nossos corações uma certeza de que a vida não precisa ser como é. A evolução desperta encoraja e nos arremessa para a mudança.

Mudança é desafio.

Mudar alivia, frustra, ameaça, entristece. Acima de tudo, obriga-nos a crescer.

Mudar é desafiar as ilusões a respeito de nós mesmos e dos outros.

Quando apenas suportamos a mudança com estoicismo ou protestamos contra ela em altos brados, não aprendemos nada e adiamos o inevitável.

Contudo, quando aceitamos a mudança, ela catalisa a nossa vida, amplia o nosso conhecimento e faz com que a nossa perspectiva passe do medo à afirmação da vida. Isso porque vida significa mudança.

(Texto baseado no livro “As sete etapas de uma Transformação Consciente”, de Gloria D. Karpinski)

sábado, janeiro 15, 2005

Ecos da vida

Um filho e seu pai caminhavam pelas montanhas. De repente seu filho cai, machuca e grita: - Aai!!!

Para sua surpresa escuta a voz se repetir, em algum lugar da montanha: - Aai!!!

Curioso, pergunta: - Quem é você?

Recebe como resposta: - Quem é você?

Contrariado, grita: - Seu covarde!

Escuta como resposta: - Seu covarde!

Olha para o pai e pergunta, aflito: - O que é isso?

O pai sorri e fala: - Meu filho preste atenção.

Então o pai grita em direção a montanha: - Eu admiro você!

A voz responde: - Eu admiro você!

De novo o homem grita: - Você é um campeão!

A voz responde: - Você é um campeão!

O menino fica espantado. Não entende.

Então o pai explica: - As pessoas chamam isso de ECO, mas, na verdade isso é a VIDA. Ela lhe dá de volta tudo o que você diz. Nossa vida é simplesmente o reflexo de nossas ações. Se você quer mais amor no mundo, crie mais amor no seu coração. Se você quer mais competência da sua equipe, desenvolva a sua competência. O mundo é somente a prova da nossa capacidade. Tanto no plano pessoal quanto no profissional, a vida vai lhe dar de volta o que você deu a ela.

Sua vida não é uma coincidência, é conseqüência de você!!!

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Eu sou seu amigo

Um velho voltou-se para mim e perguntou: "Quantos amigos você tem?"

Uns dez ou vinte por quê?

Ele levantou-se com esforço e tristemente agitou a cabeça...

"Você é um cara de sorte para ter tantos amigos"... disse ele. Existe uma coisa que você não sabe, um amigo não é apenas alguém para quem você diz "olá"...


Um amigo é um ombro tenro no qual se chora suavemente...

Um poço para levantar seu espírito bem alto...

Um amigo é uma mão para te puxar para fora ...da escuridão e desespero ...

Quando todos os outros "suspostos" amigos ajudaram a te colocar lá.

Um amigo verdadeiro é um aliado que não pode ser movido ou comprado ... uma voz que deixa seu nome vivo quando outros o esquecem...

"E responda mais uma vez ..
- Quantos amigos você tem ????"

E então ele se levantou e me olhou esperando a resposta ...

Suavemente respondi: " Se eu tiver sorte ... Eu terei você!!


(autor desconhecido)


quarta-feira, janeiro 12, 2005

A maneira de dizer as coisas

Uma sábia e conhecida anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.

- Que desgraça, senhor! E xclamou o adivinho.

- Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.

- Mas que insolente -- gritou o sultão, enfurecido. Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!

Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem açoites. Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho. Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:

- Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.

A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:

- Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem açoites e a você com cem moedas de ouro.

- Lembra-te meu amigo - respondeu o adivinho - que tudo depende da maneira de dizer... Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se. Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.


Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida. Mas a forma com que ela é comunicada é que têm provocado, em alguns casos, grandes problemas.

A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta. Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.

(autor desconhecido)

terça-feira, janeiro 11, 2005

Conta e Tempo

Deus pede hoje estrita conta do meu tempo
E eu vou, do meu tempo, dar-Lhe conta.
Mas como dar, sem tempo, tanta conta
Eu que gastei sem conta tanto tempo?

Para ter minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado e não fiz conta.
Não quis, tendo tempo, fazer conta.
Hoje quero fazer conta e não há tempo.

Oh! Vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo em fazer conta.

Pois aqueles que sem conta gastam tempo,
Quando o tempo chegar de prestar conta,
Chorarão, como eu, o não ter tempo.

(Frei Antonio das Chagas - 1631/1682)

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Palavras

Palavras não são só palavras... Nunca.

Palavras têm forma, cor, e textura, palavras têm peso, tem cheiro e tem gosto...

Palavras têm alma e tem rosto, palavras têm vida...

Existem palavras-arma, que atiram e machucam, podem até matar. Não pessoas, sentimentos.

Palavras-agulha, o que elas injetam faz efeitos diferentes em cada um... Ou não fazem efeito algum.

Palavras-bálsamo, ditas na hora certa aliviam a dor.

Palavras-chiclete, ficam marcadas, grudadas, para sempre.

Palavras-felpa, nunca se consegue extrair por inteiro...

Palavras-chave, que abrem qualquer porta. São as mais perigosas, nunca se sabe o que vai encontrar. Pode ser um trem, que te atropela, um jardim, ou um local de acesso restrito...

Palavras-kleenex, servem para secar lágrimas.


Palavras-borboleta, que voam.

Palavras-pernilongo, zumbem no teu ouvido e tu não sabe de onde vem... E, meu Deus, palavras-tumor, se retiradas a tempo não matam.

As palavras nunca são só palavras. Sim, a boca só obedece ao cérebro, logo, palavras são pensamentos, de momento ou de uma vida.

Antes de sair, elas passam pela alma, pelo coração... E pela cabeça. Então, my beloved, cuidado com as tuas palavras, elas são tudo que eu tenho agora.

(Clarah Averbuck)

sábado, janeiro 08, 2005

Não é comigo

Havia um Importante trabalho a ser feito e TODO MUNDO tinha certeza de ALGUÉM o faria.

QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM o fez.

ALGUÉM zangou-se porque era um trabalho de TODO MUNDO.

TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixasse de fazê-lo.

Ao final, TODO MUNDO culpou ALGUÉM quando NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito.

(autor desconhecido)

sexta-feira, janeiro 07, 2005

O Vaso e as Pedras

Um professor de filosofia queria demonstrar um conceito aos seus alunos. Ele pegou um vaso de boca larga e colocou algumas pedras dentro.

Então perguntou a classe: - Esta cheio?

Responderam: - Sim!

O professor então pegou um balde de pedregulhos e virou dentro do vaso.


Os pequenos pedregulhos se alojaram nos espaços entre as pedras grandes.

Então perguntou aos alunos: - E agora, esta cheio?

Desta vez alguns estavam hesitantes, mas a maioria respondeu: - Sim!

O professor então levantou uma lata de areia e começou a derramar areia dentro do vaso. A areia então preencheu os espaços entre os pedregulhos. Pela terceira vez o professor perguntou: - Então, esta cheio?

Agora, a maioria dos alunos estava receosa, mas novamente muitos responderam: - Sim!

O professor então pegou um jarro de água e jogou-a dentro do vaso. A água encharcou e saturou a areia. Neste ponto, o professor perguntou para a classe: - Qual o objetivo desta demonstração?

Um jovem e "brilhante" aluno levantou a mão e respondeu:

- Não importa quanto à "agenda" da vida de alguém esteja cheia, ele sempre conseguira "espremer" dentro mais coisas!

- Não exatamente! Respondeu o professor, o ponto é o seguinte:

A menos que você coloque as pedras grandes em primeiro lugar dentro do vaso, nunca mais as conseguirá colocar lá dentro. Vamos! Experimente!

O professor pegou então outro vaso igual, mesma quantidade de pedras grandes, outro balde com pedregulhos, outra lata de areia e outro jarro de água.

O aluno começou colocando a água, depois a areia, depois os pedregulhos e por ultimo tentou colocar as pedras grandes, mas estas já não couberam no vaso, pois boa parte do vaso havia sido ocupada com as coisas menores.

Prosseguiu, então, o professor:

- As pedras grandes são as coisas realmente importantes de sua vida: que são o seu crescimento pessoal e espiritual. Se você deu prioridade a isso e manteve-se "aberto" para o novo, as demais coisas se ajustarão por si só: seus relacionamentos (família, amigos), suas obrigações (profissão, afazeres), seus bens e direitos materiais e todas as demais coisas menores que completam a vida.

Se você preencher sua vida somente com coisas pequenas, como ficou demonstrado com os pedregulhos, com a areia e a água, as coisas realmente importantes, como, no exemplo, as pedras maiores, nunca terão espaço em suas vidas.

(autor desconhecido)

quinta-feira, janeiro 06, 2005

A grandeza da amizade

Você já pensou na grandeza da amizade?

Diz um grande pensador que quem encontra um amigo, encontra um tesouro valioso.

A amizade verdadeira é sustentáculo para muitas almas que vivem sobre a face da Terra.

Ela está presente nos lares e fora deles, na convivência diária das criaturas.

A amizade é tão importante que já foi comparada com muitas coisas de valor.

Um pensador anônimo compara a amizade com as estrelas, e aqueles que não têm amigos ele compara com os cometas, que vêm e vão, mas não permanecem, nem iluminam como as estrelas. Diz ele mais ou menos assim:

"Há pessoas estrelas e há pessoas cometas.

Os cometas passam. Apenas são lembrados pelas datas que passam e retornam.

As estrelas permanecem. O Sol permanece.

Passam-se anos, milhões de anos e as estrelas permanecem. Os cometas desaparecem.

Há muita gente como os cometas, que passa pela vida da gente apenas por instantes. Gente que não prende ninguém e a ninguém se prende. Gente sem amigos. Gente que apenas passa, sem iluminar, sem aquecer, sem marcar presença. Assim são as pessoas que vivem na mesma família e que passam um pelo outro sem serem presença.

O importante é ser como as estrelas. Permanecer. Clarear. Estar presente. Ser luz. Ser calor. Ser vida. Ser amigo é ser estrela. Podem passar os anos, podem surgir distâncias, mas a marca da amizade fica no coração.

Corações que não querem enamorar-se de cometas, que apenas atraem olhares passageiros e passam.

São muitas as pessoas cometas. Passam, recebem as palmas e desaparecem. Ser cometa é ser companheiro apenas por instantes. É explorar os sentimentos humanos. A solidão de muitas pessoas é conseqüência de não poderem contar com alguém. É resultado de uma vida de cometa. Ninguém fica. Todos passam uns pelos outros.

Há muita necessidade de criar um mundo de pessoas estrelas. Aquelas com as quais todos os dias podemos contar. Todos os dias ver a sua luz e sentir o seu calor. Assim são os amigos estrelas na vida da gente. Pode-se contar com eles. Eles são presença. São coragem nos momentos de tensão. São luz nos momentos de escuridão. São segurança nos momentos de desânimo.

Ser estrela neste mundo passageiro, neste mundo cheio de pessoas cometas é um desafio, mas acima de tudo uma recompensa.

É nascer e ter vivido e não apenas existir.”

E você? É cometa? Ou é estrela?“

(autor desconhecido)

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Elegância do comportamento

As pessoas geralmente se preocupam com a aparência física e se esmeram para mostrar uma certa elegância, de acordo com suas possibilidades. Isso é natural do ser humano. Tanto que muitos buscam escolas que ensinam boas maneiras. No entanto, existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.

É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.


É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais corriqueiras, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto: é uma elegância desobrigada.

É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das maldades ampliadas de boca em boca. É possível detectá-la também nas pessoas que não usam um tom superior de voz. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.

É uma elegância que se pode observar em pessoas pontuais, que respeitam o tempo dos outros e seu próprio tempo. Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece. É elegante não ficar espaçoso demais. Não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao de outro. É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais. É elegante retribuir carinho e solidariedade.

Sobrenome, cargo e jóias não substituem a elegância do gesto. Não há livro de etiqueta que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo e a viver nele sem arrogância. Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural através da observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.

A pessoa de comportamento elegante fala no mesmo tom de voz com todos os indivíduos, indistintamente. Ter comportamento elegante é ser gentil sem afetação. É ser amigo sem conivência negativa. Ser sincero sem agressividade. É ser humilde sem relaxamento. Ser cordial sem fingimento. É ser simples com sobriedade. É ter capacidade de perdoar sem fazer alarde. É superar dificuldades com fé e coragem. É saber desarmar a violência com mansuetude e alcançar a vitória sem se vangloriar.

Enfim, elegância de comportamento não é algo que se tem, é algo que se é.

Mais do que decorar regras de etiqueta e elaborar gestos ensaiados, é preciso desenvolver a verdadeira elegância de comportamento. Importante que cada gesto seja sincero, que cada atitude tenha sobriedade.

A verdadeira elegância é a do caráter, porque procede da essência do ser.

(autor desconhecido)

terça-feira, janeiro 04, 2005

A gente se acostuma

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor. E por não ter vista, logo se acostuma a não olhar para fora.

E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender mais cedo a luz e à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem. A cochilar no ônibus por estar cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre violência.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir ao telefone: "Hoje não posso ir". A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho para ganhar mais dinheiro para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. Abrir as revistas e ver anúncios. Ligar a televisão e assistir comerciais. Ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na rua na infindável caçada aos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro, à luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural, às bactérias da água potável, à contínua poluição da água no mar. A lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais. Em doses pequenas tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada a gente molha só os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para preservar a pele. Se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta de tanto se acostumar, se perde de si mesma.

(Marina Colasanti)

domingo, janeiro 02, 2005

Pessoas são música


Você já percebeu?

Elas entram na vida da gente e deixam sinais.

Como a sonoridade do vento ao final da tarde.

Como os ataques de guitarras e metais presentes em cada clarão da manhã.

Olhe a pessoa que está ao seu lado você vai descobrir, olhando fundo, que há uma melodia brilhando no disco do olhar.

Procure escutar.

Pessoas foram compostas para serem ouvidas, sentidas, compreendidas, interpretadas.

Para tocarem nossas vidas com a mesma força do instante em que foram criadas, para tocarem suas próprias vidas com essa magia de serem músicas. E de poderem alçar todos os vôos, de poderem vibrar com todas as notas, de poderem cumprir, afinal, todos os sentidos que a elas foi dado pelo Compositor.

Pessoas são como você, com quem temos o prazer de conviver.

Pessoas são músicas, como você que temos o prazer de ouvir.

Pessoas têm que fazer o sucesso que lhes desejamos.

Mesmo que não estejam nas paradas.

Mesmo que não toquem no rádio, apenas no coração.

(autor desconhecido)